23/06/23

Selo Azul: Embrapa e Ibraflor celebram parceria para certificar a produção de flores e plantas

Foto: Renan Diniz

Renan Diniz -

A Embrapa e o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) celebraram nesta quinta-feira (22) uma parceria que permitirá o desenvolvimento e a implementação de protocolos e de critérios técnicos para a introdução de um selo de uso eficiente da água para o setor de flores e plantas ornamentais: o Selo Azul. A cerimônia foi realizada durante a 28ª HORTITEC – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, que acontece de 21 a 23 de junho, em Holambra (SP).

“Dentre as formas de se buscar a eficiência de uso da água nos diversos setores da agricultura, como, por exemplo, o setor de flores, a certificação é uma das estratégias mais discutidas”, afirmou o pesquisador Lineu Neiva Rodrigues, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Cerrados. Segundo ele, caberá à pesquisa definir os protocolos e critérios técnicos para o estabelecimento do processo de certificação. Nessa primeira etapa do trabalho estarão envolvidos somente o Ibraflor e a Embrapa. Posteriormente, haverá a participação de uma empresa certificadora.

“Diante do cenário de preocupação e da realidade que cerca o tema em todo o mundo, o Ibraflor pretende conscientizar os produtores sobre esse processo que, muito em breve, será exigido pelo mercado e sobre a necessidade do uso correto da água, um recurso finito, de forma racional, responsável e adequada”, afirmou a assessora técnica do Ibraflor, Ana Paula Leitão, uma das responsáveis pela coordenação do projeto ao lado de Fernando Ruiter, produtor de flores da região de Holambra e representante do Instituto na Rede Nacional da Agricultura Irrigada (Renai). 

O “Selo Azul” vai certificar os produtores de flores e plantas ornamentais que fazem o uso responsável da água em três categorias: Bronze (autodeclaratório) e Prata e Ouro (a pedido dos interessados). De acordo com o pesquisador Lineu Rodrigues, o setor da floricultura é totalmente dependente da irrigação. “Holambra é a região que mais produz flores no país e está localizada numa região onde as bacias hidrográficas já se encontram no seu limite da capacidade de suporte”, afirma. 

Segundo ele, a agricultura de uma forma geral está cada vez mais pressionada a aumentar a eficiência de uso de seus insumos e a agricultura irrigada, por sua vez, terá ainda o desafio de melhorar a eficiência de uso de dois insumos estratégicos para a sociedade: água e energia.

“A forma mais usual de mensurar a eficiência de uso da água na agricultura irrigada consiste em observar a razão entre a quantidade de água efetivamente utilizada pela cultura e a quantidade retirada da fonte hídrica. No âmbito mundial, essa eficiência média calculada dessa forma ainda é baixa. No Brasil está próxima a 60%”, afirmou o pesquisador. 

De acordo com ele, nesse cenário, o Estado, suas instituições e seus agentes têm papel fundamental como indutores na promoção do uso eficiente da água na agricultura irrigada e na viabilização de uma produção sustentável. “A adoção de novas métricas, novos conceitos e soluções de gestão que fomentem a adoção de boas práticas para o setor de agricultura irrigada podem e devem ser guiadas por ações governamentais. Para isso, é primordial o estabelecimento de diretrizes para orientar o planejamento para tomadas de decisões adequadas”, afirmou. 

Preocupação estratégica 

A eficiência de irrigação é estratégica em várias questões relacionadas à sustentabilidade. Tal preocupação está destacada no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, Meta 6.4: “Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência de uso de água em todos os setores e garantir retiradas e fornecimento de água doce sustentáveis para lidar com a escassez de água e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a sua insuficiência”. 

Segundo Lineu Rodrigues, na prática, não existe um indicador universal que represente a eficiência em todos os seus pontos e escalas de análises. “A eficiência pode ser medida de várias formas e um critério utilizado em uma situação específica pode não ser adequado para outra. O sistema de mais alta eficiência pode não atender de forma adequada aos critérios ambientais e econômicos. Por exemplo, uma irrigação deficiente pode ser altamente eficiente no curto prazo, mas pode levar a problemas de salinização dos solos no longo prazo”, explicou.

Para ele, no entanto, dentre as formas de se buscar a eficiência de uso da água nos diversos setores da agricultura, como, por exemplo, o setor de flores, a certificação é uma das estratégias mais discutidas. 

Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
Embrapa Cerrados

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