Delimitação das Bacias

Com bases sólidas, oficiais e periódicas, a partir da repartição territorial da produção municipal de grãos, da identificação e quantificação da exportação de grãos pelos portos, da caracterização da Macrologística que define as rotas de escoamento para os portos, da identificação da origem territorial dos grãos e seu destino para os portos foram realizados ajustes coassistidos para posicionar as bacias logísticas em relação aos limites geográficos e estaduais.

Com isso, traçou-se o primeiro conceito de Bacias da Macrologística Agropecuária Brasileira, as quais compreendem as áreas de captação de cargas (lavouras), rotas de deslocamento (traçados e modais) e exportação (portos). Estas bacias recobrem todo o território nacional e são coerentes com as vias de escoamento da safra agrícola 2015.

Foram também reunidos e organizados dados territoriais geoespacializados incluindo malhas viárias secundárias, armazéns, esmagadoras, processadoras, refinarias de óleo, origem e importação de insumos. Complementarmente, será feito um levantamento das demandas do setor público e parceiros estratégicos do setor do agronegócio. Estes dados apoiarão o refinamento e ajuste das bacias da macrologística.

Um município pertencer a uma determinada bacia significa que ele, preferencialmente, envia suas cargas aos portos contidos nesta delimitação. Com essa proposta de foi possível caracterizar os municípios e quantidades produzidas de grãos. Ao cruzar a base do MDIC de municípios exportadores e a base do IBGE-PAM de municípios produtores de soja e milho, percebe-se uma correlação entre eles, ou seja, os grandes produtores de grãos também eram as grandes origens de exportação (Tabela 2).

Em destaque na tabela, aparecem os portos do chamado Arco Norte, estimulados por investimentos públicos e privados para expansão de capacidade de recebimento e exportação de cargas agrícolas. Apesar de apresentarem uma grande área territorial, os municípios presentes nas bacias dos portos do Arco Norte possuem pequena área plantada, produção e baixo valor da produção de soja e milho. Contudo, com estes novos investimentos, espera-se que estas bacias aumentem sua participação na exportação de grãos, reduzindo a dependências dos portos do centro-sul do Brasil, que podem expandir suas comercializações em produtos de maior valor agregado devido à proximidade de grandes centros transformadores de mercadorias diversas.

Para fins de validação, foram estratificadas, para todas as bacias, a quantidade total exportada por seus portos e a quantidade exportada por todos os municípios lá presente. Nota-se na Tabela 3 que a quantidade exportada pelos municípios da bacia é menor do que a exportação dos portos da bacia. Isso evidencia que existe transposição de bacias, ou seja, o município que produz dentro dos limites da bacia logística pode, por uma série de fatores, optar por escoar sua produção por um porto fora da mesma.

Também foi possível obter a participação dos municípios de cada bacia logística na exportação dos portos nela contidos. Isso resulta na eficiência prática do conceito da bacia logística, validando os desenhos propostos. Verifica-se que os valores variaram de 39 à 88%, resultando em uma média de 73% de eficiência. Das as 8 bacias logísticas delimitadas, 6 obtiveram valores superiores a 70%. Apenas em duas bacias, os resultados foram inferiores a 50% (Centro Leste e Norte Central, com 39 e 49%, respectivamente). A baixa eficiência em ambos os casos parece estar ligada a alta competitividade de bacias logísticas adjacentes. Além disso, a recente consolidação da Ferrovia Norte-Sul pode estar atraindo cargas que anteriormente priorizavam estas bacias, levando a competição por cargas dentro das mesmas. Porém, de forma geral, as bacias se apresentam validadas e fortemente correlacionadas com a realidade do escoamento da produção de soja e milho para os respectivos portos.

Buscando verificar a eficiência de cada uma das bacias logísticas, pode-se obvervar que a bacia Centro-Sudeste, capitaneada pelo porto de Santos/São Paulo, representou 32% das exportações de grãos. Os municípios presentes neste estado exportaram 4,1 Mi ton. Contudo, está bacia logística captou outras 22,1 Mi ton de outros estados. Esta bacia conta com modais hidroviários, ferroviários, rodoviários e interligações que proporcionam competitividade até a chegada ao porto. Os investimentos e manutenções constantes nos modais, a ampliação das linhas ferroviárias, as dragagens e os novos terminais, como o recém-inaugurado TIPLAM, garantem a modernidade do principal porto da bacia.

Bacias mais distantes do Mato Grosso como é o caso da Sul, capitaneadas pelos portos de Paranaguá e São Francisco do Sul, conseguem adquirir cargas mais longes e por modais ferroviários, devido aos investimentos em eficiência portuária, que reduzem o tempo de carga e descarga e, consequentemente, filas, reduzindo o custo do frete e tornando-os atrativos.