25/08/10 |

Plantio em consórcio agroecológico pode salvar culturas de coqueiro

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Observações iniciais feitas pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) apontam que o plantio do coqueiro em  sistema de policultivo utilizando-se a  leguminosa gliricídia e culturas alimentares, em sistema agroecológico, poderá representar a salvação da cultura do coqueiro no Brasil.

Isto foi o que demonstrou o pesquisador Humberto Fontes, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele reuniu, na manhã de quarta-feira (25), cerca de 20 técnicos em extensão rural da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe), na Reserva do Caju, campo experimental da Unidade em Itaporanga D'Ajuda, no litoral da Grande Aracaju.

A visita técnica serviu para apresentar os conceitos e a unidade de observação iniciada em 2008, na qual o plantio de coqueiro foi feito em consórcio com culturas como milho, feijão, mandioca e a gliricídia, que atua como cerca viva, além de servir de alimento para o gado e adubo para a plantação, garantindo sustentabilidade ao sistema agroecológico.

De acordo com o pesquisador os resultados são animadores. "Esta   experiência tem sido bastante interessante, uma vez que  utiliza  um sistema agroecológico de produção, no qual os  resultados parciais obtidos são promissores e podem ser utilizados como base para um programa de renovação da cultura do coqueiro no Brasil", acredita, reforçando que, por se tratar de unidade de observação, serão necessários estudos complementares mais aprofundados.

Revitalização

Humberto ressalta que o coqueiro, cultura tradicional no Brasil, mas que está perdendo força, só tem perspectivas de revitalização se for considerado como unidade produtiva sistêmica e não como monocultura, como se tem feito até hoje. "O plantio do coqueiro com espaçamento circular de 12 m² deixa 80% da área livre para outras culturas, e o produtor não pode prescindir de terra para plantar nos dias de hoje", defende.

No sistema observado por Fontes não há uso de produtos químicos e a adubação é feita a partir de compostagem orgânicada laminar, aplicada em cobertura de palhada, esterco e mais uma camada de palhada, a cada quatro meses. A variedade de coqueiro utilizada foi a híbrida (Anão Verde do Brasil x Gigante da Praia do Forte), com plantio em espaçamento de 10 metros em quadrado. A gliricídia foi instalada com espaçamento de 1m entre as plantas, mantendo-se livre um raio de 2 metros correspondente à zona de coroamento do coqueiro.

O pesquisador constatou que o crescimento dos coqueiros no sistema foi tão rápido e eficiente quanto nos métodos convencionais. "Observamos plantas com folhas saudáveis e desenvolvimento provavelmente melhor do que com fertilizantes químicos", afirmou.

As culturas de frutas, raízes e leguminosas interagem de forma harmônica e garantem, segundo Humberto, diversidade na produção, com maior produtividade, custos reduzidos e mais renda para o pequeno agricultor.

"Os resultados, apesar de parciais, são muito promissores. Por isso decidimos compartilhá-los com os técnicos agrícolas para que o conhecimento gerado aqui seja aplicado experimentalmente nas lavouras. Acreditamos fortemente que esta seja a opção mais viável para um futuro com sustentabilidade da cultura do coqueiro no Brasil. E o papel dos técnicos multiplicadores é fundamental para que isso se concretize", concluiu o pesquisador.

Pedro Calazans, técnico da Emdagro que atua no alto e médio sertão de Sergipe, mostrou-se animado com os resultados vistos.  "Este trabalho mostra a grande versatilidade da gliricídia e derruba mito de que ela só se aplica ao semiárido", destacou.

O técnico Francisco Grossi, que realiza assistência técnica em municípios da Grande Aracaju, aprovou a abordagem agroecológica mostrada na visita. "Este sistema aumentará as possibilidades de lucro para o pequeno produtor, que terá sua área otimizada com outras alternativas de produtos, além de introduzir novas culturas de coco e revitalizar as já existentes", acredita.

Saulo Coelho  (MTb/SE 1065)Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE)Contatos: saulocoelho@cpatc.embrapa.br / (79) 4009-1381

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