16/02/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Projeto viabiliza pesquisa com óleos essenciais em comunidades extrativistas

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Foto: Moacir Haverroth

Moacir Haverroth - Extrativistas da Resex Cazumbá-Iracema em atividade de mapeamento de espécies

Extrativistas da Resex Cazumbá-Iracema em atividade de mapeamento de espécies

Técnicos e pesquisadores da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac) e da Embrapa visitaram comunidades extrativistas no município de Sena Madureira, no período de 1 a 7 de fevereiro, para continuidade de atividades de pesquisa e capacitação que visam contribuir com o desenvolvimento das cadeias produtivas dos óleos de açaí-solteiro, castanha-do-brasil e copaíba. As ações, iniciadas em abril de 2016, fazem parte do projeto "Etapas de desenvolvimento da cadeia produtiva de três oleaginosas com potencial fitoterápico na Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema".

O trabalho participativo possibilitou o mapeamento de uma área amostral de 15 hectares com predominância de açaizeiros (Euterpe precatória), no Alto Rio Caeté, e a marcação em GPS da trilha (track) de uma área com predominância de castanha-do-brasil (Bertolletia excelsa) na comunidade Iracema, no médio Caeté. De acordo com o pesquisador Moacir Haverroth, responsável pelos estudos etnobotânicos em andamento, a partir do mapeamento amostral, as pesquisas vão possibilitar conhecimentos sobre o potencial produtivo e práticas de manejo das espécies.

Os estudos com copaibeira envolvem, ainda, a identificação de formas de aplicação do óleo da planta entre os moradores das comunidades. “Nessa etapa, estamos trabalhando com aplicação de questionário e entrevistas para conhecer, entre outros aspectos, o modo de produção e critérios de extração do óleo-resina, usos cotidianos do produto, classificação das plantas e variedades existentes, considerando o conhecimento tradicional dos extrativistas”, explica Haverroth.

A programação de atividades também incluiu a realização de curso sobre Boas Práticas na coleta, armazenamento e transporte do óleo-resina de copaíba e do açaí, ministrado por técnicos da Funtac. A agenda de capacitação do projeto também vai proporcionar conhecimentos sobre o uso adequado de equipamentos e técnicas de escalada, fatores que ajudam a garantir segurança à atividade extrativista e qualidade à produção. Novos cursos, previstos para 2017, abordarão estes e outros temas relevantes para o trabalho nas comunidades.

Financiado com recursos do Banco da Amazônia, o projeto é executado pela Funtac, em parceria com diversas instituições entre elas o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Embrapa Acre. A Cooperativa Agroextrativista dos Produtores Rurais do Vale do Iaco (Cooperiaco) apoia a iniciativa.

Foco das ações

A extração de óleos, a partir de espécies da biodiversidade local, tem despontado como uma atividade com potencial econômico na Resex e algumas comunidades já realizam a coleta de óleo-resina de copaíba. A produção, comercializada com indústrias de insumos cosméticos, por meio da Cooperiaco, passa por um rigoroso controle de qualidade, incluindo a realização de análises físico-químicas e cromatográficas no Laboratório de Produtos Naturais da Funtac.

Segundo a farmacêutica-bioquímica Silvia Basso, pesquisadora da Funtac e líder do projeto, uma das prioridades das ações desenvolvidas é melhorar o processo de coleta e a qualidade de óleos essenciais de espécies abundantes na região, com foco na consolidação da atividade na Resex Cazumbá-Iracema como alternativa de renda para as famílias. “O desenvolvimento de novos padrões de produção e manejo de espécies promissoras, com base em critérios técnico-científicos e respeitando a cultura local, é uma forma eficiente de aliar processo produtivo e conservação ambiental”, diz.

Benefícios

Ainda de acordo com Silvia Basso, existe uma demanda crescente por óleos amazônicos para aplicação na indústria de fitoterápicos, fármacos, fitocosméticos e de alimentos entre outros nichos mercadológicos correlatos, mas os compradores estão cada vez mais exigentes em relação ao processo de produção. Isto implica a necessidade de adoção de boas práticas no campo para melhoria do processo de rastreabilidade e qualidade da produção.

O fortalecimento de novas cadeias produtivas de oleaginosas na Resex proporcionará benefícios para os moradores das comunidades, por meio de novas possibilidades de renda, para a pesquisa científica, a partir da geração de conhecimentos genuínos sobre a biodiversidade de plantas, e para os comerciantes, que poderão oferecer produtos com elevado padrão de qualidade para o mercado de insumos e ampliar a produção de fitoterápicos. "Isto representa uma oportunidade de melhorar a produção e o aproveitamento dos recursos naturais, tanto em termos de comercialização como para uso próprio dos extrativistas, com retorno socioeconômico e ganhos para o meio ambiente”, ressalta a pesquisadora.

Sobre a Resex Cazumbá-Iracema

A Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema é uma das cinco Unidades de Conservação de Uso Sustentável implantadas no Acre e em 2017 completa 15 anos de criação. Administrada pelo ICMBio, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), tem como principal objetivo assegurar meios para o uso sustentável de recursos naturais por populações tradicionais.

Distante 150 quilômetros de Rio Branco, ocupa uma área de 750 mil hectares e pode ser acessada via BR-364 e a partir do município de Sena Madureira pelos Rios Caeté e Macauã e ramais 16 e do Nacélio. Conforme dados do ICMBio, atualmente 350 famílias vivem na Reserva, distribuídas em cinco núcleos de base.

 

Diva Conceição Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

Telefone: (68) 3212-3250

Colaboração: Itala Batista
Embrapa Acre

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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