13/12/18 |   Estudos socioeconômicos e ambientais

Grupo de trabalho avalia impactos de tecnologias em áreas produtoras de mandioquinha-salsa, alho e tomate

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Foto: Paula Rodrigues

Paula Rodrigues - Lavoura de mandioquinha-salsa no sul de Minas Gerais

Lavoura de mandioquinha-salsa no sul de Minas Gerais

A avaliação sobre a eficácia dos resultados das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), isto é, sua adoção pelos produtores de uma maneira satisfatória, recebeu um importante reforço nos últimos meses por meio da criação de um grupo de trabalho com a missão de conferir in loco o alcance das metas previstas nos projetos de pesquisa.

Essa é a missão do grupo formado por integrantes do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias (Spat), responsável pela concepção e pelas ações concernentes ao plano de trabalho, e pelo pesquisador Carlos Pacheco, especialista em questões ambientais. Dividida em áreas específicas, a equipe que vem atuando junto aos produtores colhe e sistematiza dados relativos aos níveis de adoção das tecnologias desenvolvidas e seus impactos socioeconômicos e ambientais.

O plano inicial de ação desse trabalho contemplou as tecnologias relativas aos materiais de mandioquinha-salsa, alho e tomate, dentro da coexistência de três pilares: sociais, econômicos e ambientais. Nesse contexto, foram avaliados os cultivos da mandioquinha-salsa Amarela Senador Amaral, no sul de Minas Gerais; o alho livre de vírus, no centro-sul do Piauí; e os tomates BRS Nagai e BRS Zamir, em várias regiões do Brasil e no Centro-Oeste, respectivamente.

Primeiros resultados

Lançada em 1998, a mandioquinha-salsa Amarela Senador Amaral ainda é dominante no mercado, mas está gradativamente sendo substituída pela BRS Rúbia, que após seu lançamento em 2015 vem crescendo em área plantada, em razão de sua rusticidade e, principalmente, produtividade – 1,5 caixas por alqueire contra 1,2 da Amarela Senador Amaral. Além disso, outros fatores devem ser considerados.

“Uma questão muito importante na avaliação da mandioquinha-salsa é relacionada ao impacto social e econômico na região do sul de Minas, onde a bataticultura sempre foi o carro-chefe, mas que vem perdendo espaço, nos últimos tempos, para a expansão da cultura no Cerrado”, assinala Pacheco. “Além disso, os preços da batata deixaram de ser atrativos em razão da variação mercadológica, inviabilizando o cultivo, e nesse cenário a BRS Rúbia foi apresentada como alternativa de cultivo e ganho de renda”, registra.

Por apresentar, entre as especificidades das culturas de ciclo longo, a menor oscilação de preços, boa parte dos batateiros migraram para o cultivo da mandioquinha-salsa com a marca Embrapa. “Praticamente 100% dos materiais cultivados são nossos – em primeiro lugar, a Amarela Senador Amaral sendo gradualmente substituída pela BRS Rúbia, acompanhada (ainda de longe) pela BRS Catarina, outra cultivar da Embrapa Hortaliças.

Outro ponto levantado pelo pesquisador diz respeito ao impacto social relativo à permanência daquelas famílias naquela região.  Segundo ele, a mandioquinha, claramente, permitiu a continuidade da produção agrícola no campo, mas não apenas isso. “Muitos produtores destacam que a atividade tem permitido viver com dignidade, com as necessidades da família atendidas”.

Alho no Piauí

A tecnologia do alho livre de vírus levou o grupo ao Piauí, mais precisamente ao município de Picos. Além da tecnologia em si, o trabalho foi ancorado no projeto, em curso, de revitalização do cultivo de alho na região. De grande importância econômica em um passado mais ou menos recente, a produção de alho foi absorvida por grandes produtores de outras localidades, o que trouxe grandes impactos para a vida dos pequenos produtores da região.

Para Pacheco, ficou bastante evidente o aspecto social do projeto que promove ações de resgate da cultura regional de produção de alho. “É um projeto que tem um aspecto econômico em uma região paupérrima e que possui também uma importância ambiental relativamente grande porque vem transferindo o cultivo do alho, antes realizado no leito dos rios – com as implicações que isso traz ao meio ambiente – para áreas mais propícias e ainda existe o fato de que boa parte dos agricultores está produzindo no sistema orgânico”.

Com a participação da Embrapa Hortaliças como gestora de um processo que vai além da tecnologia, e a parceria com o Sebrae e o Senar, a cultura está voltando a ser economicamente importante na região.

“Esses dois projetos – mandioquinha-salsa e do alho livre de vírus - são bastante emblemáticos no tocante às questões sociais e mostram como é importante esse aspecto social da Embrapa na sociedade”, opina Pacheco.

Tomates em alta

Os produtores que acreditaram no potencial dos tomates BRS Nagai, saladete de mesa, e BRS Zamir, tipo grape, não têm tido motivos para queixas. No caso do BRS Nagai, suas características de resistência e/ou tolerância a múltiplas doenças têm atraído tomaticultores de diferentes regiões e ecossistemas: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Ceará adotaram o cultivo do saladete, com destaque para o sistema orgânico de cultivo.

A adoção pelos produtores orgânicos é creditada à sensível redução nos custos de produção, já que os fatores de resistência a múltiplas doenças e pragas viabilizam o cultivo livre de agrotóxicos e contribuem para maior sustentabilidade em termos de preservação ambiental e com benefícios para a saúde do produtor e do consumidor.

Com relação ao BRS Zamir, o pesquisador informa que estão sendo feitos estudos de casos no Distrito Federal e em Goiás. Paralela a esses estudos, é realizada uma prospecção de demandas da cadeia produtiva, onde estão incluídos técnicos, presidentes de associações e de cooperativas, “tentando avaliar o que podemos fazer para contribuir, como empresa, para atender as necessidades desses segmentos”.

Pacheco relata a visita do grupo à região administrativa de Brazlândia (DF) para verificar a adoção do BRS Zamir, iniciando a prospecção pelo setor de revendas. “Na revenda onde fomos, especificamente, a comercialização do tomate correspondia a quase 70% das vendas em 2018, um percentual bem expressivo”, contabiliza.

Após esse ensaio, a visita ao produtor “100% Zamir” não contrariou as expectativas. De acordo com o produtor Vinícius Borges, o BRS Zamir começa levando vantagem já no preço da semente: enquanto a unidade da semente do tomate concorrente custa R$ 2,46, o preço da semente do tomate desenvolvido pela Embrapa Hortaliças é de R$ 1,96.

A adoção plena do híbrido também tem (muito) a ver com as características de resistência a ataques de pragas de doenças, o que resulta em menos agrotóxicos e, consequentemente, menos custos, para o bolso e para o meio ambiente. “Para exemplificar, o produtor contou sobre um ataque muito severo de ácaro na sua estufa e que afetou todas as outras plantas, menos as do BRS Zamir”.

O trabalho do grupo prossegue e o próximo material a entrar no processo é o melão BRS Araguaia, por suas primeiras colheitas ocorrerem ao longo desse mês de dezembro. “Como a principal região de adoção do BRS Araguaia é a do Vale do São Francisco, teremos que iniciar a avaliação dos impactos só no próximo ano”.

 

 

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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