21/07/20 |   Transferência de Tecnologia

Embrapa orienta sobre suplementação alimentar do rebanho na estiagem

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Foto: ¨Carlos Maurício de Andrade

¨Carlos Maurício de Andrade - Fornecimento de cana com ureia para o gado no cocho

Fornecimento de cana com ureia para o gado no cocho

Produtores rurais da Amazônia enfrentam o desafio de garantir alimento de qualidade para o gado durante o período de estiagem, a cada ano. A baixa ocorrência de chuvas entre os meses de junho e setembro, auge do verão na região, reduz os teores de proteína no capim e limita a oferta de forragem, com impactos na dieta animal e na produção. Investir preventivamente em estratégias de suplementação alimentar recomendadas pela pesquisa ajuda a garantir o padrão nutricional da alimentação do rebanho bovino e evita prejuízos na atividade pecuária.

 

Segundo Maykel Sales, pesquisador da Embrapa Acre, a principal limitação nutricional de pastos tropicais na época seca é de natureza proteica. Em função dessa deficiência na qualidade da forragem, é necessário o fornecimento de uma fonte de proteína suplementar para assegurar qualidade nutricional à alimentação do rebanho e a manutenção dos índices de desempenho produtivo. A reposição nutricional pode ser feita com uso de sais "ureiados", sais proteinados de baixo consumo ou por meio de suplementos múltiplos de médio e alto consumo, dependendo da categoria animal e dos objetivos almejados pelo produtor.

 

“A ausência de chuvas torna a forragem escassa, mais fibrosa e menos nutritiva. Nesse período, manter uma dieta a pasto geralmente resulta em perda de peso dos animais, queda na produtividade e na taxa de fertilidade do rebanho, além de aumento da predisposição a doenças entre outros fatores que impactam a produção. As práticas suplementares permitem manter o gado bem alimentado, saudável e produtivo, independente da duração e intensidade da estiagem”, afirma o pesquisador.

 

 

Práticas planejadas

 

Pequenos, médios e grandes produtores enfrentam os mesmos desafios na época de estiagem, ou seja, precisam suprir as exigências nutricionais dos animais para manter a produção. Para enfrentar esse período, o produtor rural conta com diferentes alternativas tecnológicas recomendadas pela pesquisa, que podem ajudar a melhorar a qualidade da alimentação do rebanho na seca.

 

De acordo com Sales, na pecuária leiteira a suplementação alimentar pode ser feita tanto com volumosos quanto com concentrados, dependendo da disponibilidade de pasto da propriedade. As principais estratégias recomendadas para uma dieta rica em proteína e outros nutrientes para o gado são o uso de capineiras, fenos, cana com ureia, bancos de proteína formados com plantas leguminosas e os suplementos múltiplos, dependendo do nível de produção dos animais. Além da dieta volumosa, vacas de média a alta produção devem receber um quilo de ração concentrada para cada três quilos de leite produzido.

 

“Em relação ao uso da mistura de cana-de-açúcar com ureia, é importante que o produtor observe a dosagem e o processo de adaptação dos animais para evitar a intoxicação. Recomendamos utilizar um quilo de ureia para cada 100 quilos de cana, mas é necessário diluir o produto em quatro litros de água. |Como não se recomenda o uso de ureia pura na mistura, para cada nove quilos do produto deve-se adicionar um quilo de sulfato de amônia. O consumo da mistura deve ser de 15 quilos por animal/dia, correspondente a 50% da sua necessidade de alimento, dependendo da disponibilidade de pasto na propriedade”, orienta o pesquisador.

 

Na pecuária de corte as principais recomendações da pesquisa para suplementar a dieta bovina são a silagem de milho e os sais proteinados. Resultante da trituração da planta inteira, com as espigas, a silagem pode ser armazenada para uso durante os meses de estiagem. Por ser uma alternativa de alto custo, em relação a outras alternativas, a silagem é mais indicada para rebanhos de elevado padrão genético. Já os sais proteinados são suplementos concentrados enriquecidos com fontes de energia como milho e sorgo, e de proteína, como farelo de soja, de algodão ou trigo e ureia. Fornecidos em quantidades controladas são altamente eficientes no ganho de peso dos animais.

 

“Independente do perfil do produtor e do tipo de atividade, as práticas de suplementação alimentar do rebanho devem ser planejadas. Entre outros aspectos, o planejamento desse aporte proteico deve considerar a quantidade de animais que serão alimentados, as condições das pastagens, a necessidade nutricional do rebanho e as metas produtivas. Essas e outras recomendações da pesquisa contribuem para a escolha de métodos eficientes e adequados à realidade do produtor”, destaca, Sales.

 

Ganhos em cadeia

 

Cuidar bem da dieta alimentar do rebanho deve ser uma prática contínua. A oferta de uma alimentação nutritiva durante o ano todo contribui para a manutenção do desempenho do animal, com impactos nos índices produtivos gerais da propriedade, como redução da idade de abate, aumento das taxas de desfrute, melhoria dos incides reprodutivos, melhoria no peso à desmama entre outros aspectos que contribuem para proporcionar rentabilidade na atividade pecuária.

 

Para Sales, os cuidados com o rebanho proporcionam ganhos em cadeia. Produtores preocupados com a alimentação animal, geralmente fazem um bom manejo do rebanho, portanto, são mais produtivos, degradam menos o meio ambiente e atuam de forma a mitigar impactos ambientais, seja na recuperação de suas pastagens, na melhoria de suas áreas de preservação permanente e reserva legal ou na redução da necessidade de abertura de novas áreas. “Além disso, a melhoria no manejo proporciona impactos imediatos na renda e, consequentemente, na qualidade de vida do produtor”, enfatiza.

 

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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