18/03/21 |   Melhoramento genético  Produção vegetal  Mercado de Cultivares e Sementes

Resultados de pesquisa com clones de seringueira são apresentados em palestra on-line

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Foto: Breno Lobato

Breno Lobato -

Os resultados do trabalho de mais de 20 anos com clones de seringueiras, visando à oferta de materiais para o Centro-Oeste, principal região produtora de borracha natural do País, são apresentados pelo pesquisador Ailton Pereira, da Embrapa Cerrados (DF), na palestra “Avaliação e seleção de clones de seringueira na região Centro-Oeste do Brasil”, que pode ser assistida pelo link: https://youtu.be/hYqngQ6O494. Transmitida no dia 25 de fevereiro, essa é a primeira apresentação do Ciclo de Palestras Técnicas promovidas pela Unidade em conferência on-line, com o objetivo de aproximar cada vez mais a pesquisa do setor produtivo.

Na apresentação, destinada aos heveicultores e técnicos que atuam com a cultura da seringueira, Pereira mostra os resultados de avaliação de clones de seringueira conduzidos em quatro locais da região Centro-Oeste – Goianésia e Barro Alto (GO), Planaltina (DF) e Pontes e Lacerda (MT) – ao longo das duas últimas décadas, pela equipe de pesquisa da Unidade. 

São apresentados os dados sobre a produção de borracha e o crescimento das plantas que permitiram o registro, no Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), de 14 clones para cultivo nos locais avaliados, que são áreas de escape ao mal-das-folhas, principal doença que acomete os seringais brasileiros, sobretudo na região norte. 

O banco de germoplasma de seringueira da Embrapa Cerrados foi constituído nos anos 1990, com materiais transferidos da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM). No final daquela década, foram pré-selecionados os 85 clones (63 asiáticos, 11 africanos e 11 nacionais) mais promissores para testes em diferentes locais. 
Pereira relatou os experimentos implantados nos quatro pontos escolhidos para avaliação, com início entre 1997 e 2009, conforme o local. Foram avaliadas a circunferência do tronco (anualmente); a espessura da casca no início e após a sangria; a porcentagem de plantas em sangria a cada ano; a produção mensal e anual de borracha; e a incidência de doenças foliares e no painel de sangria. Também foram feitas as caracterizações do tronco, da copa, das folhas, das sementes e do coágulo e realizadas análises das propriedades e da qualidade da borracha.

O pesquisador destaca o papel das parcerias na execução das pesquisas, citando o Grupo Morais Ferrari e a 3F Agrícola Ltda, em Goianésia; a Vera Cruz Agropecuária e a OL Látex Ltda, em Barro Alto; a Guaporé Pecuária S. A., em Pontes e Lacerda e a Emater Goiás. “Deixamos nosso reconhecimento e agradecimento a esses parceiros e destacamos a importância deles para toda a comunidade da borracha. O trabalho tem alcance regional e, talvez, nacional, e eles foram fundamentais nisso”, afirma.

Ao final das avaliações, foram selecionados diversos clones para cultivo em comparação com os mais plantados no Centro-Oeste. Pereira apresenta dados comparativos da produção média de borracha seca dos clones selecionados (PB 312, PB 291, RRIM 713, PB 355, OS 22, PC 119, PB 324, PB 350, RRIM 938, PB 311, PC 140, PB 314, RRIM 901 e RRIM 937) e dos mais plantados em Goianésia, Planaltina e Pontes e Lacerda, além da comparação de desempenho com o RRIM 600, o mais cultivado no País, no estado de São Paulo. 

“Na média dos três locais, podemos ver que os clones selecionados produziram 26% a mais que as testemunhas, que são os clones tradicionais (mais plantados). Se excluirmos da média geral os clones que tiveram desempenho um pouco inferior (à média), a diferença vai para 37%”, explica o pesquisador, acrescentando que os clones selecionados tiveram desempenho semelhante, superior ou muito superior ao do RRIM 600 em São Paulo.

Pereira mostra outros resultados, como a comparação das médias de circunferência de tronco e do experimento em Barro Alto, destacando o percentual de plantas em sangria, da produção de coágulo e de borracha seca em comparação com o RRIM 600, destacando que parte dos clones teve desempenho semelhante ou superior. “São resultados muito promissores e interessantes para a diversificação clonal na região”, comenta.

Ele explica que o registro de um grande número de clones decorre da necessidade de diversificação clonal, uma vez que a heveicultura no Centro Oeste está calcada em apenas quatro clones, o que faz os seringais serem vulneráveis a eventuais novas pragas e doenças. “A ‘vacina’ de quem trabalha com cultura perene é a diversificação do material genético. Não dá para trocar uma variedade de seringueira de um ano para outro, como acontece com o milho, a soja e o feijão”, destacando também a interação entre genótipo e ambiente e o fato de que, uma vez registrados no MAPA, os clones ficam liberados para plantio e testes.

Apesar de serem superiores em desempenho, Pereira salienta que os clones selecionados são indicados para plantio inicial em pequena escala. Ele lembra que os experimentos não avaliaram sistemas de sangria e de manejo. “Adotamos um sistema único de sangria para todos os clones. Sabemos que alguns respondem mais, ou menos, à estimulação. Então, é preciso plantar primeiramente em pequena escala para conhecer melhor e ajustar a condução do seringal e a sangria para extrair o máximo do clone sem ter a questão do secamento de painel”, explica.

Em 2020, foi realizada a primeira oferta pública de hastes para enxertia aos viveiristas credenciados no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). “Nossa intenção é continuar disponibilizando (as hastes) até 2023. Daí para frente, os viveiristas é que vão atender à demanda dos plantadores de seringueira”, informa, apresentando uma estimativa de oferta anual de hastes para enxertia de cada clone.

Um novo ciclo da pesquisa foi iniciado em 2015, com a coleta de sementes dos melhores clones e a produção das mudas visando à obtenção de novos clones. No momento, cerca de 8 mil progênies (plantas) estão em uma área experimental de 4 hectares na Embrapa Cerrados. “Se aplicarmos um critério de seleção de 1% (plantas mais produtivas), vamos chegar, em breve, a 80 novos clones para serem testados”, conta. “Já temos dezenas de plantas selecionadas, ainda fininhas, que são superprodutivas”, adianta.

As progênies serão selecionadas, clonadas e plantadas, sendo testadas por 10 a 12 anos antes de serem disponibilizadas aos produtores. “Gostaríamos de fazer esses testes com produtores porque o caminho é trabalhar junto com eles para chegar a um seringal altamente produtivo”, finaliza.

Após a apresentação, Pereira respondeu a perguntas encaminhadas pelos participantes no chat.

As principais informações apresentadas na palestra podem ser acessadas nas publicações técnicas da Embrapa Cerrados que podem ser baixadas gratuitamente nos links abaixo:
Clones de seringueira selecionados para cultivo no estado de Goiás e no Distrito Federal
Desempenho de clones de seringueira na região Centro-Oeste do Brasil
Zoneamento climático da Heveicultura no Brasil

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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Mais informações sobre o tema
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