27/01/23 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Seminário apresenta exemplos de cidades engajadas no combate ao desperdício de alimentos

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Divulgação Food Trails

Divulgação Food Trails - Iniciativas buscam desenvolvimento de políticas alimentares urbanas sustentáveis, saudáveis e inclusivas

Iniciativas buscam desenvolvimento de políticas alimentares urbanas sustentáveis, saudáveis e inclusivas

O engajamento de cidades na agenda de combate ao desperdício de alimentos foi tema de um seminário oferecido pela Embrapa Alimentos e Territórios em parceria com a União Europeia e o Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (LUPPA). O evento foi transmitido via YouTube no dia 25/1 e trouxe relatos sobre experiências, desafios e oportunidades do Brasil, União Europeia e América Latina/Caribe.

Gustavo Porpino, analista da Embrapa Alimentos e Territórios, falou sobre as ações do projeto “Cidades e Alimentação”, em execução nos Diálogos Setoriais União Europeia - Brasil com a colaboração do Instituto Comida do Amanhã.

A ideia central do projeto, segundo Porpino, é engajar as cidades brasileiras na estratégia dos sistemas alimentares circulares, com foco no combate ao desperdício de alimentos e no enfrentamento da insegurança alimentar no contexto urbano.

Bons exemplos no Brasil – “Muitas cidades brasileiras já têm casos positivos e estão engajadas em redes, como o Laboratório de Políticas Públicas Alimentares do Instituto Comida do Amanhã, a rede C40, a rede City Food, do ICLEI (Governos locais para a sustentabilidade), e o Pacto de Milão para políticas de alimentação urbana”, relatou o analista da Embrapa.

Um exemplo citado foi o de Curitiba (PR), cidade que conta atualmente com diversas iniciativas como a Fazenda Urbana (recentemente premiada no último Fórum Global do Pacto de Milão), Hortas Urbanas, Bancos de Alimentos e Educação Nutricional. Também foram citadas iniciativas exitosas de Maricá (RJ), Araraquara (SP), Recife (PE), Belo Horizonte (MG) e o concurso de merendeiras de Alagoas, que atende 21 municípios.

Para Gustavo, o papel dos governos municipais pode ser “sentar à mesa” com o setor varejista e a sociedade civil e buscar, a partir do contexto local, alternativas para que as cidades possam colocar a alimentação na linha de frente da agenda pública fortalecendo, por exemplo, o papel dos bancos de alimentos e outras iniciativas de gastronomia e empreendedorismo sociais.

“Quando um prefeito ou prefeita toma a decisão de investir em alimentação, isso vai muito além de um investimento em nutrição. É também dinamizar a economia local, gerar renda para pequenos e médios produtores, promover o empreendedorismo alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, obviamente, é um investimento em saúde pública”, destacou Porpino.

O exemplo do Funchal – A colaboradora do projeto Food Trails Cláudia Alves, a chefe de Divisão de Educação da Câmara Municipal, Cláudia Bilou, e a técnica superior da SocioHabita Mara Silva trouxeram para o debate as experiências do Funchal, capital da Ilha da Madeira, em Portugal. A cidade faz parte da iniciativa europeia Food Trails, financiada pela União Europeia, que visa ao desenvolvimento de políticas alimentares urbanas sustentáveis, saudáveis e inclusivas em 11 cidades europeias.

Elas falaram sobre o projeto Living Lab (Laboratório Vivo), cujo objetivo é, em resumo, estimular hábitos de vida e de alimentação saudáveis, a produção e o consumo de produtos tradicionais, locais e sazonais, aumentar a produção orgânica, preservar a identidade do território e capacitar a população nos processos de desenvolvimento de uma estratégia alimentar local.

Entre os exemplos de ações que já estão em andamento na cidade, as palestrantes citaram a Horta Municipal, um piloto educacional para divulgar os recursos genéticos locais, a agrobiodiversidade e promover a produção sustentável; as atividades educativas do Mercado Municipal e o Polo Educacional, um laboratório de ciências, escrita e pintura, que conta com um showcooking com produtos da horta e sessões educativas.

Combate ao desperdício na América Latina e Caribe – A experiência do combate ao desperdício em cidades da América Latina e do Caribe foi o tema da apresentação de Mia Reiss, do Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para a América Latina e o Caribe e consultora em desenvolvimento circular para a agenda urbana e das cooperativas sustentáveis.

Reiss abordou inicialmente o estado de segurança alimentar e nutricional no mundo, apresentando dados sobre a fome no mundo. Segundo a FAO, em 2021 a fome teria afetado 278 milhões de pessoas na África, 425 milhões na Ásia e 56,5 milhões na América Latina e no Caribe. Ao mesmo tempo, o índice de preços de alimentos da FAO atingiu a máxima histórica em março de 2022.

“O cenário de aumento da fome no mundo, da alta de preços e da crescente urbanização contribuem à necessidade crescente de sistemas alimentares resilientes e sustentáveis, com especial atenção às áreas urbanas e seus territórios rurais imediatos”, frisou Reiss.

Neste cenário, um dos grandes desafios seriam as perdas e o desperdício de alimentos. Dados da FAO mostram que quase um terço de todos os alimentos produzidos para consumo humano é perdido ou desperdiçado, sendo que os resíduos alimentares e vegetais representam mais da metade de todos os resíduos urbanos.

“Por essa razão, as cidades são atores-chave para transformar os sistemas alimentares locais”, enfatizou. Nesse sentido, os governos e os atores locais do sistema alimentar estão desempenhando um papel crítico na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Mia Reiss também falou sobre o Marco de referência – Agenda Urbana Alimentar da FAO, documento que reconhece a necessidade de um desenvolvimento urbano e territorial integrado, bem como de a segurança alimentar e nutricional estar na vanguarda do planejamento urbano sustentável.

O último tópico abordado pela consultora da FAO tratou das ações da Rede de Cidades Intermediárias e Sistemas Agroalimentares (Rede CISA), atualmente com mais de 50 membros na América Latina e Caribe.

Como exemplo de boas práticas, Mia Reiss citou alguns casos de cidades que aplicam o conceito de desenvolvimento circular e combate ao desperdício de alimentos, como a cidade de Rosário, na Argentina, que implementou um programa de agricultura urbana que intensificou o desenvolvimento de uma economia alimentar local e ofereceu aos moradores novas oportunidades de renda e a reabilitação de áreas urbanos com o uso de técnicas regenerativas.

Também foram citadas as experiências das cidades de Maynas e Lima (Peru), Quito (Equador), Medellín (Colômbia) e Rionegro (Colômbia). Para saber mais sobre essas experiências, acesse a gravação do seminário “Desperdício de alimentos e Papel das Cidades”, disponível no canal da Embrapa no YouTube.

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

Contatos para a imprensa

Telefone: (82) 3512-2135

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens