30/01/23 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Embrapa Alimentos e Territórios participa do VIII Fórum Social Mundial junto aos Povos Tradicionais de Matriz Africana

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Foto: Luiz Gonzaga Pinto de Queiroz

Luiz Gonzaga Pinto de Queiroz - Dois caprinos da raça moxotó.

Dois caprinos da raça moxotó.

A segurança alimentar e nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana foi tema de uma reunião virtual (foto) ocorrida no dia 24 de janeiro dentro da programação do VIII Fórum Social Mundial, que aconteceu entre os dias 23 e 27 de janeiro de 2023 em Porto Alegre (RS). A Embrapa Alimentos e Territórios, representada por Patrícia Bustamante, João Roberto Correia e Fabrício Bianchini, foi convidada para conversar e pensar numa estratégia para trabalhar a qualidade de alguns alimentos-chave para os povos e comunidades de matriz africana. 

Fabrício Bianchini explicou que a principal demanda do grupo é acessar informações sobre a origem, aquisição e o transporte de caprinos vivos.

No Brasil, os maiores produtores de caprino estão na região do semiárido nordestino. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, a Bahia tem a liderança dos rebanhos de caprinos (3,5 milhões de cabeças) no Brasil, o equivalente a 31% do rebanho nacional. De ovinos, são 4,5 milhões de cabeças.

“A demanda da proteína animal dos caprinos é uma oportunidade estratégica e prioritária que pode fortalecer a economia de comunidades do sertão do semiárido nordestino, a partir da oferta de animais de qualidade singular aos territórios dos povos tradicionais de matriz africana”, explica Bianchini.

Povos de matriz africana buscam informações sobre 15 alimentos considerados de alto valor nutritivo, como o milho.Além dos caprinos, os povos de matriz africana também buscam informações sobre outros 15 alimentos considerados de alto valor nutritivo, como ovinos, aves, peixes, mel, dendê, grãos como o milho pipoca, branco e amarelo (foto), amendoim, inhame, batata-doce, água, feijão de corda (caupi), Plantas Não-convencionais de Matriz Africana (PLANCMA), entre outros. 

Para a pesquisadora Patrícia Bustamante, é preciso construir em conjunto uma estratégia para dar aos povos tradicionais de matriz africana autonomia no acesso aos alimentos de que necessitam para manterem a sua cultura alimentar e tradições.

“Vamos pensar juntos em como apoiar as relações para o fortalecimento da segurança alimentar destes povos e dos conhecimentos tradicionais”, afirmou.

 Também esteve presente na reunião o analista da Embrapa Clima Temperado, Alberi Noronha.

Representantes dos povos de matriz africana – Coordenadores do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas (FONSANPOTMA), presentes na reunião, falaram sobre a oportunidade de pautar o alimento que “nutre o corpo, o espírito e a ancestralidade”.

A coordenadora-geral do Fórum, Regina Nogueira - Kota Mulanji, na tradição Bantu - (foto), explicou que os Povos Tradicionais de Matriz Africana são o povo que manteve sua língua, indumentária, formas de organização política e sistema alimentar próprio.

“O Fórum existe desde 2011, e nesse tempo temos desenvolvido inúmeras ações, dentre as quais um sistema de desenvolvimento sustentável e solidário que compreende um banco solidário, um fundo solidário e uma rede de empreendedores organizados numa cooperativa de produção, consumo e prestação de serviço, a COOPTMA”, explicou.

Fundada em 2015, a COOPTMA é a primeira cooperativa de Povos Tradicionais de Matriz Africana do Brasil e reúne, segundo Kota, outras cooperativas espalhadas pelo Brasil, oferecendo orientação, formação, estrutura e financiamento. A coordenadora ressaltou que a aproximação com a Embrapa e o trabalho conjunto das duas organizações poderá contribuir para alcançar metas e objetivos comuns.

“O Brasil tem a ganhar com esta parceria, as pessoas têm a ganhar e as instituições também. Juntos pela segurança alimentar, pela soberania alimentar e no enfrentamento à fome”, concluiu.

O coordenador de articulação política do Fórum, Edson Nogueira - Tata Nganga Dile, na tradição Bantu - vê como um grande avanço o reconhecimento do sistema alimentar e a possibilidade real de atingir em torno de sete a dez milhões de pessoas que, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE, seria o quantitativo de pessoas denominadas povos tradicionais de matriz africana.

Ele lembrou do I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (Plano Nacional dos Povos de Terreiro), documento de 2015 que tem como objetivo primordial a salvaguarda da tradição africana preservada no Brasil, e do recente Marco Legal dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, materializado no Projeto de Lei 1279/2022.

“O primeiro documento já trazia a Embrapa como parceira na construção do plano nacional. Hoje já temos diagnósticos dos nossos sistemas alimentares elaborados por representantes dos territórios tradicionais pesquisados”, afirmou Nogueira.

Os Povos Tradicionais de Matriz Africana também participaram em dezembro do ano passado da Feira Baiana de Agricultura Familiar, e têm projetos que envolvem a Rota dos Caprinos, o Afroturismo dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas e o Afroempreendedorismo, com a presença da culinária, indumentárias, conhecimentos, saberes, danças, músicas, cânticos, línguas, linguagens, artesanato, arte, cultura, festejos e outros conteúdos.

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

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