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Implantação do Programa de Produção de Manga e Uvas Finas de Mesa pode atrasar

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Empresários e pesquisadores ligados ao agronegócio da manga e da uva acreditam que os poucos e obsoletos defensivos químicos registrados para o controle de pragas e doenças podem atrasar a implantação do Programa de Produção Integrada dessas culturas. A conseqüência pode ser a redução dos volumes de vendas para mercados como o europeu que consome 90% da uva e 60% da manga exportada pelo Brasil.

O atraso do programa significa retardar os procedimentos que irão regular a obtenção do selo de conformidade do manejo da cultura de acordo com as normas técnicas da Produção Integrada de Manga e Uva. Isto pode ter implicações negativas nos volumes a serem comercializados já que, a partir de janeiro de 2003, as frutas exportadas para a Europa terão que ter o selo de conformidade.

A pesquisadora Flávia R. Barbosa, da Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE), Unidade da Empresa brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, explica que para o controle de pragas na mangueira só existem sete ingredientes ativos registrados. Entre eles, ressalta, há produtos com princípios ativos muito tóxicos, não seletivos para os inimigos naturais e, nenhum deles é indicado para controle de duas das pragas com maior incidência de infestação e de danos à cultura em nossa região: a mosquinha da manga e os lepidópteros da inflorescência. Segundo ela, o último inseticida a ser registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é para uma praga sem importância econômica para o Pólo de Irrigação Juazeiro/Petrolina no Vale do São Francisco, onde são colhidas 90% da manga comercializada pelo Brasil, no mercado externo.

Na opinião de Flávia, os produtores brasileiros encontram-se em desvantagem com relação aos seus concorrentes no exterior, onde há maior número de ingredientes ativos registrados para a cultura da mangueira. Hoje, há produtos mais eficientes, com menor impacto sobre o agroecossistema, afirma. Com eles se consegue obter frutos de melhor qualidade , com menor risco de contaminação ambiental e de intoxicação do aplicador e dos consumidores. Contudo, esses produtos, não podem de ser utilizados na Produção Integrada porque não estão registrados no MAPA.

Segundo o economista Alberto Galvão, Gerente Administrativo da Valexport, representantes dos produtores e pesquisadores ligados à Produção Integrada estão fazendo gestões junto às empresas fabricantes de defensivos químicos, para o registro emergencial de produtos. Duas reuniões com representantes dessas empresas foram realizadas em Petrolina e discutidos o interesse deles no registros de dez novos produtos que constam de uma lista elaborada por empresários, técnicas, consultores e pesquisadores.

Em agosto, já houve uma primeira reunião em Brasília com representantes da Valex-port, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ibama para discutirem a aprovação dos novos registros. Para o início de outubro, está marcada uma nova rodada de conversações entre os técnicos dessas instituições e os representantes das indústrias químicas, na cidade de Petrolina (PE). Para Alberto Galvão, há uma grande receptividade em todos os setores sobre a necessidade de dotar a fruticultura tropical de defensivos químicos com princípios ativos mais modernos e seletivos. Segundo ele, é preciso agilizar o processo de registro porque, a partir de 2003, as exportações de manga e uva só serão feitas pelas fazendas que estiverem utilizando em seus pomares as práticas agrícolas estabelecidas pela Produção Integrada.

O atraso do Brasil na implantação da Produção Integrada deixa o país a mercê de exi-gências diversas dos países importadores. Atualmente, os exportadores brasileiros têm de se submeter às normas dos supermercados europeus conhecidas pela sigla EUREP-GAP ou dos norte- americanos, a APRC. Algumas dessas normas, relacionadas a controles fitossanitários, e que são requeridas pelo Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, levam os produtores do Pólo de Juazeiro/Petrolina a desembolsarem cerca de 700 mil dólares/ano na adequação das frutas aos regulamentos desse país. Tais exigências tornam o nosso produto menos com-petitivo em relação aos outros países exportadores.

Mais informações: Flávia R. Barbosa - Pesquisadora, Embrapa Semi-Árido - tel 87 3862 1711 Endereço eletrônico: flavia@cpatsa.embrapa.br

Alberto Galvão - Diretor Administrativo, Valexport - tel 87 3863 6000 Endereço eletrônico: alberto@valexport.com.br

Marcelino Ribeiro Embrapa Semi-Árido - tel 87 3862 1711 Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Semi-Árido 

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