24/04/08 |

PAC da Embrapa terá 914 milhões para pesquisa

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Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa, define o programa de fortalecimento e crescimento da empresa e do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), anunciado ontem (23), no Palácio do Planalto, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como um esforço inédito de inovação institucional.

O programa apresenta novidades como a criação de um braço privado para a Embrapa e o uso do monitoramento por satélite de obras civis como instrumento de gestão de todo o Programa de Aceleração do Crescimento, promovido pelo Governo Federal.

O programa destinará à pesquisa agropecuária, entre maio de 2008 e dezembro de 2010, cerca de R$ 914 milhões. Desse montante, R$650 milhões serão investidos diretamente na Embrapa. Outros R$264 milhões, aproximadamente, serão repassados pela empresa a organizações estaduais de pesquisa agropecuária que integram o SNPA, por ela coordenado.

Os recursos se somarão ao orçamento anual da Embrapa e serão aplicados no custeio de novas frentes de pesquisa, na construção de instalações físicas, na modernização da infra-estrutura de laboratórios e na contratação de pessoal.

Os desafios

O que mobiliza o chamado PAC da Embrapa, encomenda feita pelo presidente Lula ao diretor-presidente da empresa, é a percepção de que novos desafios, mais complexos se comparados aos da década de 1970, quando a instituição de pesquisa foi criada, precisam ser enfrentados para que o país possa equacionar o desenvolvimento continuado e a sustentabilidade da sua agricultura, e de que isso requer novos investimentos. Esses desafios à pesquisa agrícola pública são organizados, no documento apresentado pela Embrapa, em quatro vertentes. A primeira é traduzida como desafios do conhecimento, que passam pelo domínio de novas áreas da ciência, como a genômica, a nanotecnologia e a tecnologia da informação. A segunda, como desafios da produção, que tratam, entre outros aspectos, de cultivares ajustadas às mudanças climáticas, mais resistentes a pragas e a doenças, que se revelem em alimentos de maior qualidade e mais seguros e que contribuam para a segurança alimentar e para a sustentabilidade ambiental. Essa vertente passa, ainda, pela promoção de uma agricultura sustentável no bioma Amazônia. A terceira vertente apresenta-se como desafios das políticas públicas, e contempla a agroenergia, a agricultura familiar, as demandas vindas da cooperação internacional, da reforma agrária e das populações indígenas e tradicionais e o desenvolvimento de áreas em fase de depressão econômica ou que ficaram à margem do desenvolvimento. A revitalização dos processos de transferência de tecnologia aos diversos segmentos da agricultura recebe também atenção. Por fim, a quarta vertente trata da necessidade de adequar o sistema de pesquisa à tarefa de enfrentar os desafios enumerados. São os desafios do modelo institucional, que se traduzem como contratação de pessoal – a proposta é de mais 750 pesquisadores e de mais 460 profissionais de suporte à pesquisa em três anos -, ampliação e modernização da infra-estrutura de laboratórios, maior orçamento – a empresa quer chegar a 2010 mantendo a cifra de R$1,5 bilhão (para 2008, o Orçamento Geral da União prevê R$1.117 bilhão) - e revitalização da rede de pesquisa agropecuária pública, além de centros de pesquisa da Embrapa nos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Situa-se nessa última vertente a proposta de maior flexibilidade da instituição, de forma que ela possa criar braços como a Embrapa Participações, inspirada na Lei de Inovação e capaz de associações com o setor privado brasileiro para responder a nichos de mercado, a oportunidades de negócios e à agenda internacional. No caso da atuação internacional da Embrapa, a flexibilidade pretendida pela empresa justifica-se pelo fato de que ela deve ser ágil na prospecção e geração de conhecimentos e também na cooperação e transferência de tecnologia, como é o caso, respectivamente, dos Laboratórios Virtuais no Exterior (Labex) e nas estruturas da empresa em Gana, África, e na Venezuela, América Latina.A proposta aprovada pelo Governo Federal enumera oito projetos a serem desenvolvidos no âmbito do PAC da Embrapa. Um nono projeto diz respeito à revitalização das organizações estaduais de pesquisa agropecuária. E um décimo projeto refere-se à montagem de um sistema de monitoramento por satélite das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), em todo o país. Trata-se, aqui, do monitoramento das obras (e dos seus impactos) do PAC do Governo em geral e não apenas das obras relativas ao PAC da Embrapa. Esse sistema será operacionalizado pela Embrapa Monitoramento por Satélite, unidade da empresa em Campinas (SP), e deverá contar com subsistemas instalados na Presidência da República e no Ministério do Planejamento. Ao todo, são 88 metas tecnológicas previstas no documento, a serem atingidas até 2010, à medida que os investimentos ocorram. Silvio Crestana afirma que a empresa está ansiosa para iniciar um novo ciclo de realizações científicas e tecnológicas. "Não tememos desafios, pois eles estão no DNA da Embrapa".O anúncio do programa fez parte das comemorações aos 35 anos da Embrapa. A empresa é hoje referência mundial em pesquisa para a agricultura tropical e os resultados alcançados pela rede por ela coordenada foram, ao longo da história, decisivos para que o Brasil passasse da condição de dependência em matéria de alimentos para a de provedor em mercados como os de grãos, carnes, frutas, fibras, celulose e álcool.

Lucro Social

Números divulgados no Balanço Social da Embrapa relativo a 2007 confirmam a contribuição da empresa para o desenvolvimento do país. Além de gerar mais de cem mil empregos diretos e indiretos, em 2007, quando pelo segundo ano consecutivo teve a maior receita operacional líquida nominal da história, de R$ 1,157 bilhão, a estatal retornou aos contribuintes R$ 13,36 para cada real aplicado na pesquisa.

Esse resultado tem como base um lucro social de R$ 15,47 bilhões, apurado com base nos impactos de uma amostra de 109 tecnologias e 125 cultivares desenvolvidas pela empresa e seus parceiros e transferidas para a sociedade.

Marita Féres Cardillo – 2264 DFmarita.cardillo@embrapa.br Fone (61) 3448.4247(texto sobre números do Balanço Social de Deva Rodrigues)

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