A visita à Embrapa Cerrados, durante a manhã de quinta-feira(24), serviu para a gerente geral do INIA, Jorman Rodríguez, a diretora Rafaela Carvajal e especialistas em bovinos, caprinos, biotecnologia e produção de sementes compreenderem o formato administrativo da Unidade e trocarem idéias com a equipe de pesquisa da soja e de produção animal.

O pesquisador Roberto Alves, chefe-geral da Unidade, explicou que as prioridades de pesquisa devem constar no Plano Diretor das Unidades, evitando assim, que possíveis mudanças de governantes interfiram nas diretrizes da empresa.

Sobre a intensificação do uso da terra com aplicação de tecnologias sustentáveis, Alves salientou que a Embrapa prioriza o aumento de produtividade sem o avanço da fronteira agrícola. "A Embrapa sempre trabalhou com a conservação e manejo do meio ambiente. A equipe da Embrapa cuida de todos os recursos naturais", enfatizou.

Após tirarem dúvidas sobre a transferência de tecnologias para pequenos produtores, uma das prioridades estabelecidas pelo governo venezuelano, a equipe do INIA acompanhou a apresentação do pesquisador Plínio de Mello de Souza sobre a contribuição da Embrapa Cerrados para o estabelecimento da cultura da soja nos trópicos.

Os técnicos venezuelanos destacaram que há interesse de iniciar um programa de melhoramento de soja e gostaram de ver os dados que apontam a crescente participação do Cerrado na produção brasileira de soja. Em 1970, antes das primeiras cultivares de soja adaptadas ao Cerrado serem lançadas, o Bioma produzia 1,4% da produção nacional. Em 2006, o Cerrado foi responsável por 63% da produção brasileira de soja e alcançou um rendimento médio por hectare de 2561 kg.

A intensificação do uso da terra com a integração lavoura-pecuária também foi abordada no encontro. O pesquisador Lourival Vilela, acompanhado dos pesquisadores Robélio Marchão e Roberto Guimarães Júnior,  explicou as fases de evolução da pecuária desde o início do uso do capim-brachiaria (Brachiara decumbens). Para Vilela, além da necessidade de aumentar a eficiência do sistema de produção para evitar a expansão da fronteira agrícola, o mercado está mais exigente com a qualidade ambiental da carne.

O pesquisador destacou que os compradores têm poder de barganha para exigir que os fornecedores de carne não estejam ligados ao desmatamento, invasão de terras, trabalho escravo ou qualquer outra prática ilegal que cause danos ao meio ambiente ou prejuízos ao consumidor. Vilela salientou que é necessário "harmonizar desenvolvimento, conservação e preservação".

A comitiva do INIA, acompanhada do pesquisador Elias de Freitas, um dos três profissionais da Embrapa que está a serviço do escritório aberto na Venezuela, irá visitar ainda Unidades da Embrapa no Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG).