Comercialização

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Espedito Cezário Martins - Embrapa Caprinos e Ovinos

 

A comercialização pode ser entendida como um conjunto de funções ou atividades de transformação e de adição de utilidade, pelas quais bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores finais, na época e no lugar que eles desejam. Portanto, a comercialização envolve várias etapas, como transporte, classificação, limpeza, padronização, estocagem, entre outras, até chegar ao nível das transações entre agentes econômicos, que tanto podem ser pessoas físicas como entes jurídicos.
Em geral, no Nordeste brasileiro, a comercialização da carne ovina caracteriza-se por canais de comercialização informais, em zonas rurais e pequenas cidades, com pouca participação de agroindústrias (frigoríficos) e de pontos comerciais formais. Entretanto, o desenvolvimento de alguns polos econômicos na região semiárida, como o de Petrolina em Pernambuco, e o de Juazeiro na Bahia, tem estimulado investimentos públicos e privados na atividade, com o surgimento de novas explorações e de pontos de venda com características empresariais.

Em regiões metropolitanas das grandes cidades da Região Nordeste, têm surgido vários restaurantes especializados na comercialização de carne ovina. Tais restaurantes, popularmente conhecidos como "carneiros" têm impulsionado o consumo de carne ovina nas grandes cidades.

De forma geral, a comercialização é realizada por todos os elos da cadeia quando vendem seus produtos. Especificamente, além dos produtores e consumidores, estão envolvidos no processo de comercialização os intermediários, as organizações auxiliares, como bolsas, mercados públicos, centrais de abastecimento, companhias de seguro, de transporte e logística, agências de propaganda, indústrias de transformação, dentre outros.
 

Agregação de valor


A agregação de valor aumenta substancialmente o valor dos produtos. A agregação de valor é obtida em todos os elos da cadeia produtiva. Na produção primária, a qualidade do produto é uma das principais ferramentas para a agregação de valor, gerando produtos de qualidade superior à média dos demais produtores. Com isso, pode-se ter acesso a mercados consumidores mais exigentes, principalmente se forem adotadas boas práticas nos sistemas de produção. A adoção de práticas de manejo, como a estação de monta, favorece a oferta de maior número de animais, o que significa escala de produção com padronização, ou seja, características semelhantes no tocante à idade, sexo e peso, permitindo melhor remuneração pelos abatedouros-frigoríficos. Além disso, a oferta de animais saudáveis pode permitir remuneração adicional pela comercialização dos miúdos dos animais abatidos. Inclusive se as peles forem de boa qualidade, podem atingir melhores preços junto aos curtumes. A agregação de valor tem a vantagem adicional de reduzir a perecibilidade do produto agropecuário e de torná-lo mais atraente ao consumidor final, sem falar que durante o processo de agregação de valor, estimulam-se os avanços tecnológicos e empregam-se mais pessoas, aumentando assim a renda global associada a um produto agropecuário específico.

O produtor poderá obter um melhor desempenho do processo de produção quando vende o seu produto na época, na forma e no local adequados. Portanto, a produção tem que ser planejada para que, na ocasião da venda, os preços estejam atraentes, e os produtos oferecidos atendam às expectativas dos gostos e preferências dos consumidores. Uma regra interessante diz respeito à agregação de valor aos produtos, tentando substituir a venda do animal em pé pela comercialização das peças já prontas e embaladas. Outra regra interessante é o aproveitamento integral da exploração com a produção de derivados, como embutidos e defumados.


Associativismo


É preciso enfatizar a necessidade de se investir em tecnologias e na organização da produção e da comercialização. Organizando-se em associações de criadores e/ou cooperativas, o pequeno produtor pode aumentar seu poder de barganha junto aos mercados de insumos e de produtos. Assim, os produtores têm maior poder de negociação tanto na compra de insumos como na obtenção de preços e de formas de comercialização mais atraentes para o produto final. Além disso, quando reunidos em associações e/ou cooperativas, os produtores encontrarão melhores condições de avaliação e de troca de experiências, além de tornarem-se menos vulneráveis às oscilações que venham a ocorrer no mercado.