Dinâmica

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Marco Antonio Ferreira Gomes - Embrapa Meio Ambiente

Antonio Luiz Cerdeira - Embrapa Meio Ambiente

Cláudio Aparecido Spadotto - Embrapa Agricultura Digital

 

Depois da aplicação de um agrotóxico, adubo ou fertilizante no solo, vários processos físicos, químicos, físico-químicos e biológicos determinam seus respectivos comportamentos. O destino desses agroquímicos no ambiente é governado por processos de retenção (sorção), de transformação (degradação química e biológica) e de transporte (deriva, volatilização, lixiviação e escoamento superficial), e por interações desses processos. Além da variedade de processos envolvidos na determinação do destino ambiental de agrotóxicos/agroquímicos, diferenças nas estruturas e propriedades das substâncias químicas, bem como nas características e condições ambientais, podem afetar esses processos.

Condições meteorológicas, composição das populações de microrganismos no solo, presença ou ausência de plantas, localização do solo na topografia e práticas de manejo dos solos podem também afetar o destino dos agroquímicos no ambiente. Além disso, a taxa e a quantidade de água em movimento na superfície e através do perfil do solo têm um grande impacto na mobilidade desses compostos de uso agrícola. Um entendimento dos processos de transporte de agrotóxicos no ambiente, por exemplo, é essencial para direcionar planos de monitoramento e avaliação de impactos ambientais.

A variedade de agrotóxicos usados representa muitas classes distintas de substâncias químicas orgânicas. Os tipos de interações desses compostos com diferentes componentes do ambiente são enormes. Considerando os processos de transporte entre compartimentos ambientais, com os quais os agrotóxicos/agroquímicos estão relacionados depois de aplicados em áreas agrícolas, a lixiviação e o escoamento superficial merecem destaque. O escoamento superficial favorece a contaminação das águas superficiais, com o agrotóxico, os adubos e fertilizantes sendo transportados adsorvidos às partículas do solo erodido ou em solução.

Foto: Arquivo Embrapa Meio Ambiente 

Qualidade de água

Figura 1. Controle da qualidade da água

 

A lixiviação dos agrotóxicos/agroquímicos através do solo tende a resultar em contaminação das águas subterrâneas e, neste caso, as substâncias químicas são carreadas em solução juntamente com a água que alimenta os aqüíferos. A permanência dos agrotóxicos no solo agrícola, por exemplo, é inversamente dependente da taxa de ocorrência dos processos de transporte.

Vários métodos têm sido desenvolvidos para o estudo e a previsão do comportamento e destino ambiental de agrotóxicos/agroquímicos, que vão desde o uso de parâmetros pré-estabelecidos até modelos matemáticos. Parâmetros são valores para propriedades físico-químicas e de comportamento ambiental, tais como, solubilidade em água, pressão de vapor, coeficientes de distribuição entre compartimentos e tempo de meia-vida de degradação ou dissipação. Modelos matemáticos para monitoramento são modelos funcionais que incorporam tratamento simplificado do fluxo de água e do transporte de solutos. O uso de índices tem sido também muito difundido para se estimar, por exemplo, o potencial de perdas de agrotóxicos por lixiviação e por escoamento superficial. O uso de parâmetros, índices e modelos orientam tanto os trabalhos de campo como as análises laboratoriais. Após os compartimentos ambientais de interesse e seus atributos serem conhecidos, é necessária a definição dos indicadores de alterações e de impactos ambientais. Por exemplo, se a água superficial é escolhida como o compartimento de estudo e a ocorrência de agrotóxicos como seu atributo, os níveis de agrotóxicos na água podem ser considerados como indicadores de alteração e de impacto.