Manejo Florestal Não Madeireiro

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Luís Cláudio de Oliveira - Embrapa Acre

 

A Organização das Nações Unidas para o Combate à Fome (FAO) definiu em 1995 os produtos florestais não madeireiros como: “Todos os bens de origem biológica, assim como os serviços derivados da floresta e terra sob uso similar e exclui a madeira em todas as suas formas”.

A atividade extrativista vegetal caracteriza-se por possuir duas categorias distintas, a do extrativismo de coleta e a do extrativismo de aniquilamento. No primeiro caso, a extração do recurso se prende à coleta sem danificar a planta mãe. Já no segundo caso, a atividade implica a destruição da planta matriz. As suas formas de extrativismo poderiam ser consideradas autossustentáveis, do ponto de vista biológico, desde que a extração não ultrapasse a capacidade de regeneração da espécie.

Este aspecto poderia colocar a atividade extrativista como ecologicamente compatível com os propósitos de conservação e até de preservação dos recursos naturais. Portanto, a superação econômica do extrativismo tradicional, através do manejo sustentável de seus recursos, da busca e ampliação de mercados para os produtos gerados e o conhecimento e caracterização dos recursos biofísicos e socioeconômicos envolvidos na produção extrativista assumem uma dimensão fundamental à pesquisa e desenvolvimento. Neste contexto, a exploração dos recursos florestais, através de sistemas sustentáveis, emerge como elemento-chave para a manutenção da cobertura florestal primária, fixação do homem ao campo, manutenção da biodiversidade e redução da pobreza, bem como para a redução de lacunas como o pleno conhecimento dos aspectos silviculturais, ecofisiológicos e manejo das espécies autóctones selecionadas para o aumento da base de produção florestal através do manejo de populações nativas e/ou plantios, hoje considerados fatores limitantes ao incremento da produção florestal. 

A busca de modelos econômicos que contemplem o processo de desenvolvimento sustentado da Amazônia tem colocado como importante opção para valorização da floresta a utilização de técnicas adequadas ao manejo de produtos florestais não madeireiros, sobretudo pelo baixo impacto que causam, em geral, sobre os estoques de carbono e biodiversidade.

A questão da viabilidade econômica do extrativismo nos anos futuros vai depender de variáveis agronômicas, ecológicas, econômicas e sociais. Essa sustentabilidade assim definida, requer que a atividade permaneça lucrativa durante todo o tempo, proporcione melhorias para os participantes, além da capacidade de manter equilíbrio adequado quanto às características agronômicas e ecológicas. 

Os produtos florestais não madeireiros diferem nos seguintes aspectos dos produtos madeireiros:

a) exibem grande variedade de produtos e espécies;

b) o habitat nos quais econômica e ecologicamente os produtos podem ser obtidos;

c) baixo rendimento por unidade de área;

d) alto valor monetário somente quando em quantidades consideráveis;

e) a exploração (ou coleta) requer intensa mão de obra.

 

Normalmente estes produtos podem ser encontrados em qualquer floresta tropical úmida, e apesar de grande número já ter sido identificado, os não madeireiros comercialmente exploráveis são ainda uma pequena fração do potencial disponível. Limitações de ordem técnica e econômica têm em geral sua origem no desconhecimento biológico, tecnológico e econômico dos recursos florestais não madeireiros, não permitindo a mensuração real quanto à sustentabilidade ecológica e econômica do manejo da maioria desses produtos.