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Primeira variedade de melancia resistente ao oídio será lançada na Agrishow

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Com índices de produtividade oscilando entre 40 e 60 toneladas por hectare, a variedade BRS Opara apresenta um grande potencial produtivo para a cultura no País. Sua maior qualidade, porém, é a resistência ao oídio, uma doença que se torna mais intensa quando a planta está na fase de formação dos frutos. Folhas muito atacadas secam e morrem, a planta começa a envelhecer mais cedo, encurtando seu período produção, há a redução do tamanho e de quantidades das melancias no campo e o fruto fica com sabor menos adocicado e com valor comercial mais baixo.

Essa variedade é a primeira resistente ao oídio, desenvolvida para as condições irrigadas do Semi-Árido brasileiro. Rita de Cássia Souza Dias, pesquisadora da Embrapa, afirma que o seu lançamento acrescentará características importantes à cadeia produtiva da melancia, fortemente marcada pela participação de agricultores familiares. A diminuição do uso de insumos químico no controle da doença, com impactos na redução de custos de produção, de danos ao meio ambiente e na oferta de um fruto saudável para o consumidor, são algumas das qualidades que a variedade fará chegar ao mercado.

Origem de BRS Opara - O nome "Opara" é como os índios denominavam ao rio hoje chamado de São Francisco e que é recurso natural chave para o estabelecimento do principal pólo hortifrutícola na região de Juazeiro-BA e Petrolina-PE. A equipe de pesquisadores e técnicos responsáveis pelo desenvolvimento da variedade chegaram a ela a partir de cruzamentos de um material genético com frutos sem qualidade comercial, mas que possui a resistência ao oídio, CPATSA-2, e a variedade comercial "Crimson Sweet" – mais cultivada no Brasil.

O esforço de combinar geneticamente as qualidades desejadas desses dois materiais na BRS Opara foi muito bem recompensado, afirma Rita de Cássia. Os frutos são de grande aceitação comercial, do tipo "Crimson Sweet", arredondados e grandes (11 a 14 kg), casca verde escura com estrias claras e boa resistência ao transporte. A polpa é levemente crocante e com alto teor de açúcares (em torno de 12° Brix). A resistência ao oídio, além da economia de insumos e mão-de-obra, torna viável uma segunda colheita de frutos de qualidade já que a planta não sofre os danos causados pela doença: perda de área foliar e queimaduras nos frutos pela exposição direta aos raios solares.  

As recomendações para cultivo da BRS Opara, de modo geral, são as mesmas adotadas para as demais cultivares de melancia. O plantio pode ser realizado o ano todo. A pesquisadora, no entanto, sugere que seja evitado plantios em período de temperaturas mais baixas e em solos com dificuldade de drenagens e sujeitos a alagamentos, ou excessivamente cultivado com cucurbitáceas (melancia, melão, abóboras, pepinos, maxixe).

Recursos genéticos – O lançamento da BRS Opara durante a Agroshow, que será realizada de 3 a 7 de julho, em Petrolona-PE, se é uma boa notícia para os produtores, destaca a importância de se preservar a biodiversidade para a sustentabilidade do negócio agrícola. A melancia CPATSA-2, do ponto de vista estritamente comercial, é um material muito ruim: frutos de 1 quilograma, polpa branca sem doce algum. Contudo, ao invés de descartado, ele foi reunido a mais de 2000 outros materiais genéticos (melancia, abóbora, melão, maxixe e bucha) e preservados no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Cucurbitáceas do Nordeste brasileiro, idealizado por Manoel Abílio de Queiróz, pesquisador aposentado da Embrapa e professor do Departamento de Ciência Sociais da Universidade do Estado da Bahia (DTCS-UNEB), sendo um exemplo concreto de utilização do tesouro genético preservado em benefício da cadeia produtiva da melancia

Os pesquisadores e técnicos que participaram dos estudos que geraram a BRS Opara são da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, DTCS-UNEB e Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO). Foi um trabalho de longo prazo, que também contou com o apoio de recursos da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Banco do Nordeste.

Contatos:Rita de Cássia Souza Dias – pesquisadora;Endereço Eletrônico: ritadias@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalista;Endereço Eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

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