A partir de 1975, o governo federal instituiu um conjunto de ações para acelerar o desenvolvimento nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e no Distrito Federal. Programas de financiamento à produção foram criados, como o Polocentro (Programa de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste) que contemplava construção de estradas, escolas, silos e armazéns, pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural, financiamentos para incorporação de novas áreas ao processo de produção e utilização de calcário e fosfato. Além de crédito para investimentos, custeio e comercialização foram estabelecidos preços mínimos e seguro agrícola. 
 
A Embrapa Cerrados foi criada no bojo da política governamental para o desenvolvimento do Centro-Oeste com o objetivo de desenvolver sistemas agrícolas viáveis para o Cerrado, bem como, difundí-los para os produtores rurais. A pesquisa agropecuária estabeleceu como missão o desenvolvimento de tecnologias para viabilizar a ocupação do Cerrado. Depois de realizar um amplo diagnóstico das principais limitações ao seu uso agrícola, pesquisadores constataram a existência de seis grandes problemas na região.
 
As informações existentes sobre os recursos naturais eram bastante generalizadas e insuficientes para dar suporte a um programa de desenvolvimento regional. Em segundo lugar, as chuvas, embora, quantitativamente satisfatórias, eram mal distribuídas e com ocorrência de veranicos durante a fase reprodutiva dos cultivos.
 
A baixa fertilidade dos solos era outro fator limitante. Estes apresentavam fração argila com baixa atividade química e troca de cátions, elevada saturação de alumínio e carência generalizada de cálcio, magnésio, potássio e fósforo. O quarto problema era o manejo deficiente, pois o cultivo por métodos inadequados conduziria à rápida degradação do solo.
 
A incidência de pragas e doenças em áreas de monocultivo, característica predominante dos sistemas produtivos constituiu-se no quinto problema. Finalmente, o conhecimento  sobre as peculiaridades ambientais da região e suas características econômicas e sociais na ocupação humana eram bastante restritos.
 
Em trabalho cooperativo com outras unidades da Embrapa, empresas estaduais, institutos e universidades, a Embrapa Cerrados iniciou o trabalho com levantamentos sistemáticos dos recursos naturais em níveis macrorregional, regional e local. Estudos climáticos permitiram entender melhor a distribuição das chuvas e a probabilidade de ocorrência de veranicos. Os aspectos socioeconômicos foram analisados com base na informação existente e nos levantamentos de campo.
 
Na solução dos problemas relativos à baixa fertilidade, foram desenvolvidas técnicas de correção e adubação dos solos e a seleção de variedades de grãos e pastagens tolerantes ao alumínio. O uso de gesso na correção dos solos em profundidade favoreceu o desenvolvimento de raízes em maior volume de solo, tornando as culturas mais resistentes à deficiência hídrica e melhorando o aproveitamento de nutrientes. A seleção de estirpes de rizóbio (bactérias que fixam nitrogênio do ar) em substituição à adubação nitrogenada viabilizou o plantio da soja e de outras leguminosas.
 
O desenvolvimento de técnicas de manejo dos solos, a exemplo do plantio direto e a utilização de implementos adequados, contribuiu para manter as propriedades físicas dos solos, aumentando a infiltração da água e diminuindo os riscos de erosão. O controle integrado de pragas e doenças, como, por exemplo, o emprego de Baculovirus anticarsia para o controle biológico da lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), viabilizou o controle fitossanitário nas principais culturas de importância econômica da região, além de evitar a poluição ambiental por pesticidas.
 
 A geração de conhecimento, aliada a fatores políticos, técnicos e econômicos, foi complementada pela disseminação aos produtores e possibilitou a obtenção de resultados rápidos. No cenário político, teve destaque a execução de uma política agrícola bem delineada, consistente, com preços mínimos satisfatórios, crédito suficiente e oportuno, estrutura tributária e seguro agrícola compatíveis com a atividade, além de formas eficientes de comercialização e infra-estrutura básica.
 
Na incorporação de tecnologias ao sistema de produção, destaca-se a relação favorável entre insumo e produto. Estes devem ser economicamente viáveis para estimular a presença de empresários com capacidade gerencial e dispostos a investir  recursos financeiros no setor agrícola.
 
Uma análise histórica do impacto da incorporação de tecnologias no processo produtivo da região permite concluir que o aumento da produção foi fortemente atrelado ao crescimento da área cultivada. Essa expansão da fronteira agrícola ocorreu, em grande parte, por fatores políticos, como o crédito diferenciado para a região. Essas vantagens deixaram de existir e hoje o aumento na oferta de grãos pode ser obtido, com custos menores e prazos mais longos, por ganhos em rendimento.